Aqui e acolÁ

"Vai-se andando", responde o povo a quem lhe pergunta "Então como vai?", como vai o quê? Alguém que ponha termo a isto e explique o que se quer saber afinal. Bem, miúdo não sou e de tombo em tombo, gramatical neste caso, embora os outros também me aconteçam, lá percebi que o costume é falar-se da saúde. Mas não é para aí que quero levar este diálogo, se o é, que por vezes a tal resposta só se segue um aceno e vamos lá que a vida não tem tempo para conversas que para nada servem a não ser as mostras de atenção e lembrança de carinho e saudade de desejo e recordação, para nada servem como disse. A pergunta é curta, logo, neste belo canto, português, a seu bom costume, a resposta é grossa. E ,mantendo a dúvida, se o investigador quer saber o meio de locomoção, que é a leitura que quero que faças, para mim é indiferente, se a pé vou longe do resto nem preciso falar que a motor, à força do vento, ou mesmo do sonho nem balanço é preciso dar, aperta-se a chave iça-se a vela esmaga-se o pedal força nas asas de aço... e lá me vou, de onde aonde entretanto direi.

Não da forma tão bela e esclarecida como  nos dizia uma Pessoa, Fernando, mas as letras não são o meu forte de qualquer das maneiras. Nem as fotos que aqui deixo que de profissionais, como hoje se exige e ai de quem, também nada o têm, são aquilo que vi, que à nascença não me implantaram filtros e efeitos na córnea ocular, mas tanto as palavras como essas imagens que surgirão, sem qualquer regra, têm uma paixão que nem sempre o dom, profissional, o tem.

                                Pedro N

Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?

Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.

                               Fernando Pessoa